CI

Mais de 3 milhões de xícaras de café impróprio retiradas do mercado, diz Mapa

Protocolo prevê auditorias nas empresas envolvidas


Foto: Divulgação

Uma série de operações realizadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) no Paraná em 2025 resultou na apreensão de mais de 40 toneladas de café torrado e moído com irregularidades. As ações, conduzidas pelo Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (SIPOV-PR), identificaram fraudes em lotes adquiridos por órgãos públicos, com teores de impurezas muito acima do permitido e informações enganosas na rotulagem.

Segundo dados divulgados pelo Mapa, uma das operações mais recentes, realizada em Curitiba, recolheu mais de 21 toneladas do produto em embalagens de 500 g. Um dos lotes já foi considerado impróprio para consumo, conforme laudo laboratorial que detectou presença de matérias estranhas quatro vezes superior ao limite legal de 1%, conforme estabelece a Portaria SDA nº 570/2022.

Em outra ação na Região Metropolitana de Curitiba, auditores constataram teor de impurezas três vezes acima do permitido, além da ausência da identificação da espécie de café na rotulagem e uso indevido de selo de qualidade, o que caracteriza engano ao consumidor.

Em um terceiro caso, mais de 1.500 pacotes de café adquiridos por um órgão federal foram apreendidos após laudos indicarem fraude com índices de impurezas mais de sete vezes acima do permitido. Esses produtos serão destinados à destruição.

De acordo com o Mapa, de 2023 a 2025 foram coletadas 186 amostras de café torrado no Paraná, com 89 delas (53%) reprovadas por excesso de matérias estranhas. Em casos extremos, os índices chegaram a ser 21 vezes superiores ao limite legal. Ao todo, 107 empresas e 137 marcas foram fiscalizadas — mais da metade com algum tipo de inconformidade.

Em 2023, 50% das amostras analisadas apresentaram fraudes; em 2024, esse número caiu para 43%, mas voltou a subir para 65% em 2025, indicando um agravamento do cenário.

“Esse tipo de irregularidade normalmente está associado ao uso de matéria-prima de baixa qualidade, como cascas, palhas e resíduos de beneficiamento”, explica Fernando Augusto Mendes, chefe do SIPOV-PR. “Esses resíduos, oriundos principalmente de grandes grupos processadores, são indevidamente utilizados por algumas torrefadoras para compor o produto final.”

O Mapa destaca que as coletas são realizadas com base em critérios de risco, como denúncias formais, indícios técnicos e histórico de irregularidades. Portanto, os resultados não representam o mercado como um todo, mas demonstram alta probabilidade de fraude quando há suspeitas consistentes.

Após a confirmação de irregularidades, o protocolo prevê auditorias nas empresas envolvidas, que podem incluir apreensão de matéria-prima e até interdição da unidade produtiva. Só neste ano, mais de 80 toneladas de matéria-prima irregular foram apreendidas no Paraná.

 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.

2b98f7e1-9590-46d7-af32-2c8a921a53c7